sábado, maio 30, 2009

Cães e Caravanas nova via no Baú

Conheça a história da conquista de uma nova via de escalada na Pedra do Baú
Cães e Caravanas (6º VIIb (A1+/VIIIb) E3

Karina Filgueiras é montanhista, empresária e formada em Educação Física. Já escalou o El Captain, Half Dome, Leaning Tower, Cerro Catedral, Cerro Tronador, entre outros. Nesse texto ela relata a conquista de uma nova via na Pedra do Baú (SP), ao lado de Bito Meyer.

A via Cães e Caravanas, na face norte da Pedra do Baú, estava em nossas cabeças há mais de um ano, e o Bito Meyer já a tinha visto em 1994, quando esteve conquistando outra via na mesma face, a Distraídos Venceremos. Enquanto estávamos conquistando o Campo Escola Baú ,um local de treinamento que veio suprir a necessidade que havia na região de vias onde o escalador iniciante pudesse praticar com segurança e ambiente as técnicas de escalada, aproveitávamos para namorar a parede a nossa frente, sabíamos que ali esperava por nós, um tesouro do Baú. A Cães e Caravanas é uma via com enfiadas cheias da mais pura escalada em livre, num misto de proteção móvel e fixa. A via ficou bastante esportiva para uma via na face norte do Baú, que é desafiadora e difícil e com pouquíssimas vias, e mesmo estas vias com poucas repetições, devido ao grau de dificuldade e de comprometimento necessários para encarar essas vias.O trabalho seria árduo para mim e para o Bito, pois nossa intenção era fazer um ataque de vários dias e dele sair com a via pronta. Para isso precisávamos planejar e cuidar da logística de parede, como: levar água (3 lts/dia por pessoa), alimentação, equipos, cordas, mosquetões, móveis, costuras, fitas, equipo pessoal, todo o material de bivaque, saco de dormir, roupa, anorak, primeiros socorros, etc, totalizando, por baixo, uns 150 quilos de carga.

Karina batendo a primeira chapa da via e Bito rapelando no fim do dia

Transporte Começamos o transporte de água algumas semanas antes e durante este período tivemos a ajuda de vários amigos e carregadores, cada um levava um pouco do equipamento e assim conseguimos botar tudo no platô. Era impressionante ver o Bito com suas bengalas canadenses (que tem que usar para caminhar em trilhas depois da fratura na perna que sofreu anos atrás e que causou o enrijecimento da articulação do joelho), carregando uma mochila cargueira com 20 quilos. Só mesmo tendo o “espírito do montanhismo dentro de si”. Com todo o material no platô, nos restava partir para a via. Desde o início nos propomos a ir trabalhando juntos e dividiríamos todas as responsabilidades da conquista, inclusive guiar, o Bito guiaria uma enfiada e eu outra, mas eu estava tranqüila, afinal tinha o “mestre” Bito Meyer do meu lado. Esta era a via mais séria que iria encarar, até agora tinha conquistado vias curtas e apesar de eu estar acostumada às grandes paredes, como de Yosemite, quase tudo que eu havia escalado até agora, foram repetições de vias, ou seja, eu tinha como referencia que 'alguém' passara por ali, mas agora eu me moveria por caminhos “virgens”.


Karina conquistando a "travessia Du Loren" (o primeiro sutiã, ops.. travessia a gente nunca esquece)

Entrando no desconhecido
Escolhemos iniciar a conquista desde o platô do “MSP”, por uma fissura desafiadora, que ganho como presente e saio para o desconhecido, guiando por um terreno sem chapeletas com a responsabilidade de “criar Montanhismo”.A fissura é toda com boas colocações para proteções móveis (peças removíveis que colocamos na rocha). No início é relativamente fácil fazer as colocações das proteções, porém a fenda é formada por uma laca fina, e eu suspeitava que ela poderia quebrar com qualquer queda e no meio do desconhecido. Sem saber exatamente o que você vai encontrar e como seria o próximo passo, o meu coração dispara e tenho que trabalhar muito bem a cabeça para o pânico não “bater”. Depois de alguns minutos volta a concentração e eu consigo focar minhas energias e arrisquei-me na parede acima. Bato apenas duas chapeletas (proteção fixa) nesta cordada e chego a um platô, perfeito para uma parada.A primeira metade da via foi aberta com martelos e talhadeiras e a segunda parte foi com uma furadeira à bateria, o que tornou, em partes, o trabalho de grampear mais “fácil”. Mas para eu poder usar a furadeira e até mesmo me sentir a vontade e merecedora deste conforto tecnológico e conquistar esta via com o Bito, tive que bater (na mão) 8 furos numa tarde (aí nasceu a Tapa na Pantera, outra via que abri junto com o Bito em um outra região em que estamos abrindo um novo Campo Escola).O Bito entra para conquistar a próxima cordada, e de cima já aviso, “ta ficando linda”. Agora, mais uma fissura para peças pequenas, e sai em natural e assim foi, fomos revezando a cada cordada. A via tinha a característica das grandes vias de parede e estávamos preparados para tudo. Pensávamos que iríamos encontrar uma parede bastante trabalhosa, com trechos longos em escalada artificial, mas a cada cordada encontrávamos uma linha em livre, que nos levava a fazer um trabalho de escalada esportiva, forte, intensa e comprometida, e era muito bom saber que a via estava saindo em “natural”.

Conceito
Com o fato da via sair em natural, decidimos conquistar a via com um conceito bastante moderno e arrojado, pois a via tem graduação alta e as quedas acontecerão, porém são relativamente seguras para quem for repetí-la. Relativamente segura porque não grampeamos (não colocamos proteção fixa) onde era possível usar proteção móvel, o que aumenta o grau de comprometimento.Decidimos também fazer enfiadas curtas, pois a escalada ia mudando de forma a cada 20/30m, como se fosse separada por setores, e cada trecho é diferente do outro. Todas as paradas (local onde ocorre o fracionamento da escalada) estão muito bem protegidas, algumas com três chapeletas.Quando você leva uma queda, um vôo, numa falésia (parede pequena de rocha), já é adrenante, imaginem só isso acontecendo numa parede de aproximadamente 350m de altura, aérea e exposta. A via ficou maravilhosa e causou muita curiosidade e excitação na cidade e na galera escaladora, que acompanhou a nossa escalada dia-a-dia e viam nossas luzes de lanterna parede acima durante as noites. Fendas, faces verticais, regletes, negativos, teto, tinha de tudo e a cada metro que passávamos, o Bito me dizia “a escalada acontece de 2 em 2 metros, vamos em frente e com calma”. E eu ia desfrutando desses momentos...Seguindo as agarras chegamos à última cordada da via. Dali o Bito guia uma transversal de aproximadamente 20m, sem proteção em meio a pedra podre a qual chamou de “Benvindo a Ixtlan” (grau sugerido Vsup E3 E4 - grau de exposição a confirmar), chegando embaixo de um teto gigante, coberto de um líquen amarelado e de minério que reluz com a luz do sol.Teto - Bito equipa (coloca proteções fixas) o teto em A0, para que as pessoas possam repetí-lo, já que a via é toda em natural, e depois eu começo a conquistar os últimos 20m. Depois de muito esforço e duas quedas, consigo sair de “Ixtlan” pelo “caminho do Nagual” e chego ao cume do Baú. O Bito tinha razão, também aconteceu comigo... já não sou a mesma pessoa...

Logística e Planejamento
Para esta investida estávamos programando de cinco a sete dias de parede. Como éramos apenas em dois, o trabalho pesado era intenso, além da escalada propriamente dita.O pior e mais desgastante era fixar cordas, jumarear (ascender pelas cordas), limpar a via (retirando as proteções colocadas pelo guia), passar horas na mesma posição fazendo a segurança do seu companheiro, içar os equipamentos, fotografar, fazer comida, economizar água limpando as coisas, ficar atento às condições climáticas, derreter embaixo do sol e depois congelar no início e no final do dia, enfim... nem tudo era brincadeira e esporte, uma trabalheira enorme, que terminava normalmente às 20h, dentro de nossos sacos de dormir. No dia seguinte acordar cedo, com as mãos já inchadas, cortadas e doloridas, começar tudo de novo, um trabalho difícil, cansativo, comprometedor e lógico arriscado.Tentávamos tomar um bom café da manhã, mas nem sempre era possível. A tensão do dia que viria pela frente e a sensação de descoberta e do desconhecido que estava na nossa frente, nos deixavam com uma certa “inapetência matinal”.Preparava um lanche, guardava na mochila e começava o dia ascendendo pelas cordas, interminavelmente, com enormes mochilas nas costas tantas vezes, que chegava a esquecer da altura.O balanço - Depois desta conquista, aprendi muito sobre escalada e conheci também um novo lado do Montanhismo: a sua expressão mais pura e anárquica. Apesar de estar acostumada a escalada de grandes paredes e de já ter escalado vários big walls, permanecendo até cinco dias na parede e em várias regiões do mundo, cheguei a conclusão que a magnitude da conquista de uma via como esta é inigualável.O Comprometimento, o Companheirismo, a Cumplicidade e o Entendimento do Universo que rege essa harmonia entre os três elementos de uma escalada, que são, Você, seu Companheiro de cordada e a Parede, esses momentos são únicos e ao mesmo tempo inexplicáveis. Você se expõe de todas as formas e arrisca sua vida na ponta da corda e passa a conhecer de onde vem a força desses homens e mulheres, “originais e verdadeiros” que enchem nossos corações e espíritos com histórias de montanhas cheias de determinação, comprometimento e paixão.Concordo com o Bito quando ele diz que a conquista ou abertura de uma via como esta é um trabalho autoral, intelectual e que reflete muito do seu íntimo, e porque não dizer que é uma expressão artística do seu universo e da sua capacidade de criar e ser original.

Um pouco dos números
Não sei exatamente quanto utilizamos para realizar esta via, mas aqui vão alguns números:

Equipamentos:
· 5 cordas de 60m (2 dinâmicas, 2 estáticas e 1 retinida)
· 50 mosquetões soltos
· 20 mosquetões de rosca
· 20 costuras longas
· 1 jogo de Camalots e Nuts (peças móveis para proteção - total 20pçs)
· 6 ganchos (cliffs)
· 15 fitas diversas
· 56 chapeletas com chumbadores, batedores e martelo, brocas, furadeira
· 2 mochilas de ataque
· 1 mochila cargueira
· 1 haul bag (saco de lona plastificada super resistente).Equipamentos de acampamento:
· sacos de dormir
· sacos de bivaque
· isolantes térmicos
· fogareiro
· utensílios de cozinha
· head lamps
· primeiros socorros.
· Além de tudo isso ainda há a alimentação de todos estes dias, carregadores e combustível do veículo nas diversas viagens de São Paulo à Pedra do Baú.

Classificação da Via

Nome: Cães e Caravanas

Conquistadores: Karina Filgueiras (40) e Bito Meyer (51)

Graduação Sugerida: 6º VIIb (A1+/VIIIb) E3

Descida: pelas escadinhas a partir do cume. Os rapéis da via são possíveis de qualquer trecho com duas cordas de 60m. A partir da P6 o rapel fica trabalhoso e com grandes pêndulos (não recomendamos para quem não estiver habituado a este tipo de situação).

Distância de Trilha: aproximadamente 1 hora com carga.

Download do CROQUI: http://www.brasilvertical.com.br/antigo/index.html

Matéria Publicada

Portal Webventure em 22/07/2008
http://www.webventure.com.br/vela/conteudo/noticias/index/id/23107?pag=1

Outras Publicações

Brasil Vertical http://www.brasilvertical.com.br/antigo/index.html
Wilo Montanhas http://montanhas.wordpress.com/2008/07/22/via-nova-no-bau/
Blog do Baldin
http://blogdobaldin.blogspot.com/2008/07/nova-via-na-pedra-do-ba-sp.html
Pempem Blog
http://pempem.blog.uol.com.br/arch2008-07-20_2008-07-26.html

Escalando em Cochamó

As Grandes Paredes de Cochamó
por Roberta Nunes e Karina Filgueiras

Esta viagem veio meio como uma boa surpresa. Confesso que ainda me sentia cansada da última e intensa aventura na Groelândia e estava conformada a passar este verão no desfrute de minha terra natal. Mas a história se formou quase por si só e quando vi lá estava eu e mais três bons amigos indo rumo ao desconhecido: as grandes paredes de Cochamo.Este lugar de beleza impar e selvagem se encontra a 100km de Puerto Montt, no Chile , fazendo parte da cordilheira andina. Fazia parte da expedição Dálio Zippin e Maurício Clauzet, que formariam dupla e cuidariam da parte fotográfica e vídeo, e Karina Filgueiras e eu como dupla feminina a aventurar-se naquelas maravilhosas paredes, algo bem raro para duas brasileiras.Resolvemos descer de carro os 3.500 km de estrada onde teve início nosso pequeno vídeo. Depois de quatro dias de muita poeira e estradas quase intermináveis chegamos ao pequeno vilarejo de Cochamo, onde contratamos cavalos que auxiliariam nosso transporte até a base das paredes do conjunto montanhoso Trinidad. Quase seis horas de caminhada por um terreno acidentado e um visual surpreendente, beirando todo o tempo um rio que descia desde o alto do vale. Cada vez que entrávamos para no vale mais selvagem se sentia o ambiente.Depois de um longo e puxado percurso, chegamos na fabulosa base de um vale infestado de paredes que variavam de 500 a 1000 metros de altura, para tirar o fôlego! Descansamos e nos acomodamos bem em nosso novo lar por vinte dias, onde a lei era viver o presente e desfrutar daquela babilônia em granito.



Karina e Roberta e Tonto no Gendarme

A escalada
Começamos pela menor agulha granítica, Gendarme, que já deu para tremer as pernas; o estilo de escalada exigia psicologia. Levou alguns dias mais de escalada antes de realmente nos sentirmos encorajadas a provar uma via mais difícil e comprometida. Tudo em seu tempo.Por fim, chegou o dia. Escolhemos uma bonita via em estilo tradicional, ou seja, sem bolts, toda protegida em friends e fissureros, de 500 metros e de certa forma comprometida por não podermos rapelar por ela, na Pedra do Gorila.No começo nos sentíamos um pouco tensas, mas a fluidez não tardou em chegar e subimos rápido e boa parte em simultâneo, tendo problemas apenas no final, onde infelizmente acabei me perdendo num sistemas de fendas nada agradáveis. Por sorte e com tranqüilidade conseguimos resolver a situação e encontramos nossos amigos começando os rapéis. Com esta investida nos sentimos saciadas de aventura apimentada e com a certeza de que podemos seguir escalando juntas. Nada melhor que situações limitantes para se conhecer realmente.Informações - Cochamo é um potencial em paredes para estilo alpino e big wall. A rocha é composta de sistemas de fendas em um resistente granito perfeito para friends tipo off-set, por apresentar suas fendas mais arredondadas. Pode-se ir direto de Santiago, capital chilena, até Puerto Montt e pegar um pequeno ônibus para Cochamo. Vai o super toque também com relação ao lixo: é necessário trazê-lo de volta. Foi muito desagradável estar num lugar tão especial com marcas bem grandes de outros acampamentos de escaladores.Aconselho uma boa dose de escalada em Salinas, no Rio de Janeiro, e Frey, em Bariloche, antes de se aventurar por aquelas lindas paredes que, sinceramente, são exigentes psicologicamente.É necessário contratar cavalos para a aproximação e levar alimentação para o período integral de estadia. A época favorável é de dezembro a final de março e com sorte pode-se ter belíssimos dias ensolarados.Não se assuste com a intensa visita de vários tipos de tábanos, parecidos com as nossas mutucas (mosquito) de rio, um pouco vorazes. Acredito ter ao todo 15 rotas de escalada conquistadas nestes últimos cinco anos por cordadas de várias partes do mundo. Qualquer dúvida entre em contato!
Roberta Nunes (em memória)

Matéria Publicada
Portal Webventure em 13/05/2004
http://www.webventure.com.br/montanhismo/conteudo/noticias/index/id/12053
Outras Publicações
http://www.oeco.com.br/helena-artmann/48-helena-artmann/18288-oeco_23527






Big Wall em Yosemite escalada do El Captain


El Captain Big Wall em Yosemite - Via Lurking Fear

Por Karina Filgueiras

Esta foi minha terceira vez em Yosemite e a segunda para escalar big walls. Quando cheguei ali a primeira vez em 2003 já tinha a intenção de escalar um dos big walls no EI (apitan, mas fui na primavera e o tempo não colaborou. Quando olhamos a parede e vimos um dos platôs totalmente (oberto pela neve tivemos que desistir da via e acabamos por escalar outra parede maravilhosa, a Leaning Tower, pela via West Face (Grade V 5.7 (2). Bem, voltei para casa decidida a voltar ali em outra época e encarar o EI Cap
Agora em 2005 me encontrei ali com meu bom amigo Jose Barbado (Pepe), da Espanha, e decidimos então que íamos "encarar" o EI Cap, já que o Pepe também havia tentado escalá-Io em 2004 mas não havia consegui­do. Decidimos então nos preparar para escalar a Lurking Fear (VI 5.7 C2/A2) no mais puro estilo "bigwallero" tradicional. ou seja. logística e organização para vários dias de parede, portaledge. água, comida, sacos de dormir, equipos. cordas, e nós estávamos alucinados com a idéia de dormir na parede do EI Cap por vários dias.
Começamos a "juntar" tudo, a caçar garrafa pet para água (acreditem, isso é raridade no Camp 4), juntar e fazer conferência dos equipos, decidir o que levar de comida. etc. ..• bom, dois dias para organizar isso e partimos para a base da parede com os haul bags bem pesados. A Lurking é uma das vias no EI Cap com acesso mais distante, uma longa trilha meio que de trepa pedra. os amigos escaladores do Camp 4 nos diziam "vocês estão loucos, vão "morrer" com o "hauling" (movimento de puxar os haul bags por um sistema de polias). tentem outra via com hauling mais fácil!" Mas não adiantava. estávamos encantados com a linha da via e decididos escalá-Ia. Um dia transportando nossas coisas para a base da parede e começamos a fixar cordas. A via tem 19 cordadas e depois de quatro dias de escalada, três noites na parede (sendo duas dormindo em portaledge e uma numa "cave", platô) chegamos ao cume! Mais um dia para descer do cume com uma longa e dolorida caminhada e sequéncia de rapéis com haul bags pesados ..... mas vale muito a pena passar dias com os pés na parede e a cabeça no ar!!!!! foi show!!!
no cume com as "tralhas pra descer" e guiando fenda

Voltamos ao Camp 4 e depois de dois dias de descanso e já "calenta­dos" e satisfeitos pela escalada e entrosamento que tivemos na parede. Pepe e eu decidimos fazer mais uma investida e tentar escalar outra via no EI Capo Convidamos um outro amigo escalador. o Willy, e fomos para a Zodiac (VI 5.7 A3). Estávamos preparados para mais cinco dias de parede. ou seja, com comida, água (80 Its.), sacos de dormir, portaledges e tudo o mais ... mas não conseguimos escalá-Ia até o fim .... tivemos que descer da via na quarta cordada pois ameaçava chegar uma "tormenta" e falando no rádio com amigos que estavam "em terra" sobre o clima, decidimos baixar e aguardar. Deixamos ali as cordas fixas. aguardamos dois dias até que o tempo melhorasse e voltamos para a parede. jumareamos as quatro cor­dadas no negativo (hughhh!!!) e escalamos até a sexta cordada. quando tivemos que descer definitivamente e abandonar a via pois uma das cor­das, a dos haul bags. começou a apresentar problemas. sua capa começou a rasgar em dois pontos e aí não tínhamos mais como prosseguir ..
Bom, na escalada é assim ... às vezes chegamos ao cume e às vezes não ... O que importa é desfrutar e aprender em todos os momentos e respeitar este ambiente que amamos, a montanha!!!!!

Matéria Publicada

Revista Headwall n° 12 Dezembro 2005

visual da 14 cordada ao lado Pepe com haul bags

Primeira Brasileira a escalar a Leaning Tower

visual de todo Vale Yosemite, com Leaning Tower a direita



Karina Filgueiras conclue Leaning Tower - Yosemite California-EUA

Os montanhistas brasileiros Karina Filgueiras e Eliseu Frechou terminaram no último domingo (25/05) à noite a primeira ascensão brasileira na parede Leaning Tower, nos Estados Unidos. O trajeto escolhido foi a via West Face que apresenta alta dificuldade (A3) e nunca foi escalada por brasileiros. A parede é considerada a mais negativa da América, com 110º de inclinação na parte de baixo e 95º na de cima.A escalada durou três dias. No primeiro, a dupla transportou os materiais; no segundo, fixou 120 metros de corda; e no terceiro, finalizou a aventura. Nesse meio tempo, eles tiveram de dormir lá, mas isso não foi obstáculo. “Escalar a Leaning Tower era um sonho antigo nosso e foi muito legal realizá-lo", comenta Frechou. "Conseguimos finalizar a via em apenas 3 dias, sem prejudicá-la. Colocamos o menor número de grampos possível”.O clima, apesar de frio para essa época do ano, não atrapalhou a escalada dos montanhistas. A temperatura esteve na média dos 15 graus, chegando a zero grau durante a noite. “Nos primeiros dias, houve tempestades e raios. Por isso, começamos um dia depois do previsto.”


Matéria Publicada

Portal Webventure em 28/05/2003

http://www.webventure.com.br/montanhismo/conteudo/noticias/index/id/9557