terça-feira, junho 30, 2009

NOVAS VIAS "O ARCO DO BAÚ (A2+ 7° E4 60m)" E "SUAVE DESESPERO(A2 6°sup E3 50m)"

O ARCO DO BAÚ (A2+ 7° E4 60m)

Conquistadores: Bito Meyer, Karina Filgueiras, Máximo Kausch

Toda vez que me deparo de frente para a Pedra do Baú, fico impressionada com sua beleza e imponência, no alto da colina reinando sobre a cidade. Como escaladora tenho ainda uma relação mais intensa e próxima com o Baú, pois foi o local aonde aprendi a escalar nos idos de 1989 e desde então freqüento e escalo assiduamente. Naquela época ainda não existiam as estradas asfaltadas que dão acesso ao Bauzinho e Ana Chata, e escalar ali ou mesmo subir pelas escadinhas era uma tremenda aventura, a começar por caminhar os 18km até o Bauzinho ou quando conseguíamos um carro, subir com ele por estradinhas de terra esburacadas. Durante estes 20 anos em que freqüento o local, muita coisa mudou, hoje as estradas são asfaltadas, o número de turistas aumentou, assim como o de montanhistas e escaladores e cada vez mais a região é reconhecida por seu potencial esportivo junto a natureza e o que não mudou é a sua beleza e imponência.
O desenho do Baú, assim como as nuances da sua formação rochosa é fascinante e nos presenteia com intinerários surprendentes e variados e pra nós que escalamos e gostamos de abrir vias o desafio é constante.

Sempre que eu olhava para a face norte do Baú, via a formação do “Arco do Baú”, bastante pronunciado e e com seu teto no sentido longitudinal da rocha, e me pegava pensando que, “ali era um desenho natural de uma via de escalada”.

e enquanto os cães estão latindo pra poeira....

Há alguns meses atrás conversando com o Bito, sugeri que fizéssemos ali uma via pegando todo o desenho do Arco, e que por sinal eu já havia visto o seu final de perto, quando estava conquistando a “Cães e Caravanas” ano passado. O Bito já conhecia a entrada de via, pois ele já tinha visto-a na conquista da Distraído Venceremos. Pronto a idéia estava lançada!
Arrumamos as tralhas, aproveitamos que o Bito iria dar um curso Avançado e já teria que levar as “toneladas” de equipo lá pra cima e assim demos início a abertura desta nova rota.

Tivemos a oportunidade de compatilhar com o Maximo Kausch, que é um montanhista apaixonado pelas altas montanhas, vários dias de bivac conversando sobre o Himalaia e suas expedições e dos seus “bastidores” e ele nos contou sobre deste universo, que é tão distante, que são os Himalaias terminamos o curso com a conquista do Arco do Baú.
A via é composta de 2 cordadas, sendo que a primeira o Bito entra guiando, misturando escalada natural com artificial num terreno de pedra quebradiça, talvez um A2 6° de aprox. 35m e este largo sai todo com proteções móveis, num diedro invertido, feio e com pés em cascas e lacas podres, o Bito com maestria, que somente seus 40 anos de ponta de corda permitem, termina esta cordada sem bater um único grampo a não ser a parada dupla.
Segue então para a segunda cordada, que é uma escalada em livre de 7° de aprox. 30m com pouca opção de proteção móvel e sem nenhum grampo, um possível E4. Perfeitamente escalável para escaladores experientes e acostumados a escaladas de parede e exposição, No dia Bito completa o largo sem colocar nenhuma proteção .




O Arco do Baú, é uma via fascinante, linda e exposta, bastante aérea e com passagens bastante técnicas e exigentes.
Pode ser acessada de duas maneiras, a partir da segunda cordada da Distraídos Venceremos, saindo para a direita, é preciso estar atento pois não há grampos e toma-se a linha óbvia de um diedro diagonal ou no sentido inverso acessando pela Cães e Caravanas, da base do teto, na ultima parada da via “Bito Meyer”


SUAVE DESESPERO(A2 6°sup E3)

Conquistadores: Karina Filgueiras e Bito Meyer



Depois de finalizada a escalada do Arco do Baú achamos que deveríamos fazer mais uma saída pelo magnífico teto que estava acima de nossas cabeças desta forma o Arco do Baú teria uma saída exclusiva.
Bom...lá fomos nós outra vez, juntamos de novo todas as “tralhas”, desta vez também o porta ledge duplo e fomos no feriado de 1 de maio para a parede, jumareamos a noite por uma corda que deixamos preparada para chegarmos no final do “Arco”,para na manhã do dia seguinte já estarmos na base do início da via e com o porta ledge montado.
Agora era minha vez, saio guiando pelas lacas podres, saindo a esquerda da Cães, depois de um pequeno trecho já percebo que será impossível prosseguir com escalada em livre e prossigo em “ artificial”. A parede é bastante descomposta e com muita pedra podre mas com cuidado eu conseguia encontrar boas colocações para Cliffs de agarra e em algumas situações tive que fazer furos para Cliff. A via prossegue desta forma até que consigo sair do negativo que forçava minhas costas, quando eu tinha que trabalhar com as mãos levantadas e entro na parte vertical da parede.
A partir daí, a escalada volta a ser uma parede mais sólida e consigo voltar a escalar em livre e a seqüência a seguir é de pequenas agarras e abaolados, de pés delicados. Sigo aprox.10m e chego a um platô transversal onde bato a primeira parada.
Este platôzinho éra uma surpresa agradável, pois de baixo não o víamos e era perfeito para ficar em pé e trabalhar. Karina guiando na conquista do teto da via Suave Desespero

A próxima sequência é toda em escalada livre, saio para a esquerda nesta transversal e depois a parede vai tornando-se vertical novamente e com boas agarras sigo por mais uns 8m e a parede, já quase no cume, deita e torna-se mais fácil; chego a um grande bloco de pedra, já no cume, aonde monto uma excelente para móvel com 3 peças “bomba”. Depois desta parte segue uma rampa fácil de 3 grau que vai em direção a vegetação do cume.

“Enquanto eu tava ali dependurada enfrentando meus “demônios”, antes mesmo de terminar a via eu já estava pensando qual seria meu novo itinerário.”



Rappel: de nenhuma das vias é possível rapelar, deverá sair para o cume e de lá descer pelas escadinhas.

Em breve estaremos disponibilizando os croquis no http://www.brasilvertical.com.br/






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